sábado, 12 de setembro de 2009

O SILÊNCIO

Eu sou filho de grandes cidades; precisei aprender a entender o silêncio na sua magia de desvendar os nossos mistérios interiores.
Aprendi também que o silêncio não é singular, pois é diverso e complexo para situações e pessoas diferentes; torna-se inimaginável quando tentamos moldá-lo aos nossos pobres costumes de querer defini-lo ou conceituá-lo.
O Silêncio faz-se presente ou simplesmente é percebido, preenchendo ou criando lacunas nem sempre vazias. Porque o excesso de sentimentos confunde-se com o próprio silêncio, que nem sempre significa ausência de sons ou de palavras escritas.
Ainda assim, o nosso amigo silêncio desvenda nossos mistérios, mesmo quando se trata da ilusão em pensarmos que as palavras escritas ou faladas são facas de mais de um gume. O silêncio é amigo, seja qual for o motivo da sua existência. A vida tem essa peculiaridade de tornar-se incógnita quando, silenciosamente, as emoções balançam as expectativas.

POR-DO-SOL

Por-do-sol assim
Sem sombras no mar
Um sorriso pra mim
Salvador, Bahia, é amar.

Sol, mar e você
Meu Amor Salvador
Tem a cor do Ilê
Um anjo nagô.

Correr ou voar
Tanto faz, tanto fez
Nadar ou andar
Salvador, um, dois, três.

Eu te amo mulher
Sou todo seu amor
Enquanto você quiser.

terça-feira, 21 de abril de 2009

GERÚNDIO

Há um sol maravilhoso
Aquecendo futuros sucessos
Entre risos e vidas sadias
Pelos quais deveremos passar
Talvez hoje, um dia, decerto;
.
Há um sol, horizonte lindo
que só os olhos agudos
Dos que pensam adiante
Desvendarão tantas cores
Ao longo do vivendo;
.
Há um sol, realizando o sim
Face exposta em gerúndio
Onde nada começa ou termina
E a paz não é um sonho,
A vida um acontecendo;
.
Há um sol maravilhoso
Sem o qual seremos menos,
Natureza em dissimulações;
Beleza maravilhosa
Sol, pessoa, lindo sol.
.
.
.

FELICIDADE

É maravilhoso viver você
Pensar carinhoso,
Sonhar,
Acontecer!
.
.
.

MEDIANA (MENTE)

Tenho mente mediana
Mente em constante confusão
Não sei se é culpa da mente
Ou dos homens dessa linda nação,
Nação que é Estado organizado
Política(mente), insconstante(mente).
E a mente mediana
Carente de informação
Confunde, confunde-se, confusão!
.

DESPERTAR

Uma chama ardente
No interior de um ovo, transparente,
Silenciosamente consome,
Voraz!
Frágil corpo, bem sei,
Ou mais!
.
É tudo, quase nada,
Real ilusão, a vida
Descrente, às vezes
Sem razão de ser.
.
Medo constante, quem sabe?
Receio de alar as próprias idéias
Amar a energia, criar
sem limites, sem panaceias!,
.
Permanecendo inerte, bem sei,
Nada realizarás, a chama apagarás
E o ovo, um dia opaco,
Jamais quebrarás!
.
Permanecendo inerte, bem sei,
Nada realizarás, a chama apagarás
E o ovo, um dia opac

EU

Nunca assumo a culpa
Nem mesmo estando só
Entre quatro paredes,
Diante do espelho;
Sempre arrumo um jeito,
Maneira especial de mentir,
Arranjar um culpado e fugir;
Fugir da verdade, dos fatos.
Sonego e nego meus atos.
.
.
.
.

LITORAL

Lindos bronzeados
Pelos oxigenados
Bate-papo gostoso
Só desejo de amar
E um sorriso dengoso
Corpo entregue ao mar.
Adesão ao sim
Abaixo o não!
Lindos lábios carmim
Só porque é verão!
.

O POETA, POETA

O poeta entristece
Se lhe rompem a bandeira;
O poeta fenece
Se lhe roubam o cérebro;
Mas o poeta, poeta
Jamais terá bandeira;
E o poeta, poeta
Também não tem cérebro
Que lhe possam roubar;
O poeta é poeta,
Um sopro talvez,
Um sonho, quem sabe?
Um fogo sem chama,
Uma ponte, uma ave.
O poeta é poeta!
.

A COR DO SENTIR

Num mundo tão colorido,
Onde tudo carece de cor,
Branca é a cor da paz,
Verde é a esperança vivida,
Colorindo florestas e mares,
Refletindo o brilho dos raios
De um sol tão vivo no céu azul
Sem o preto das tristezas,
O roxo dos funerais;
Flores rosas, amor da vida
Sofrida e amarelada,
Encarnada de violência
Sangrando toda a Terra;
Vermelha é a cor da guerra
Que nunca compreendi.
O que sinto nesse momento
Tão singelo do meu pensar,
Teria uma cor, eu não sei,
Com a qual representar?!
É tão ilusória a cor
Da vida que sempre tive,
Pois só angústia ficou
No homem que hoje vive.
Não tem fim este carpir
Que a vida me impingiu;
E até mesmo quem amou,
Certamente um dia sentiu.
Não tem cor este sentir,
Vibrante e sem emoção,
Descoloriu meu coração.
.

MASCAR (A) VIDA

Um oscilar constante,
Maxilar subindo e descendo,
No meio o chiclete
Envolto em saliva morna
Sofrendo pressão dentária;
Um amassar sem ritmo
Entre palavras recém-criadas;
E a boca entreaberta
Entre um amasso e outro
Permite-nos ver o céu
Da boca sem estrelas;
Boca sem lábios carnudos
Sem sorriso iluminado,
Muitos dentes cariados,
Amassando o chiclete,
Produzindo saliva,
Iludindo o estômago
Sofrido há muito,
Nutrientes ausentes,
E o chiclete bailando no céu
Da boca sem estrelas,
Sem lua, sem sol.
Quem observa distante
Até pensa que o dono da boca
É um despreocupado,
Está em paz com a vida
Naquele oscilar constante,
Maxilar subindo e descendo,
Mascando a vida,
Suportando a lida,
Desejando a comida,
Aguardando a partida.
.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

QUE VÃO, VÃO!

Vão atar-lhes as asas
Caso você as construa
Vão censurar os seus atos;
Vão sorrir dos seus sonhos
E descrer sem perceber
Que os tempos são outros,
Que seus pensamentos são lindos,
Que a Terra não é o limite;
São poderosos, terríveis;
Estarão sempre armados,
Donos das suas necessidades,
Senhores do nada, decerto.
Podem cortar suas asas,
Censurar os seus desejos,
Esconder-lhes os fatos;
Deixe que assim eles e elas pensem,
Deixe-os alegres, loucos e loucas,
Felizes, imaginando-lhe incapaz,
Derrotado e sem opção.
Esconda-lhes as suas fortes asas,
Dê velocidade ao seu pensar,
Não ensaie as realizações,
Realize-as firmemente;
Não ameace voar,
Voe inesperadamente,
Siga a Luz, a Razão;
Ame a Natureza,
Enlouqueça-os e enlouqueça-as sem violência.
.
.

ERAM..., MAS NÃO MUITO

Eram vidas em luta
Há muito ávidas
De um algo qualquer,
Que mudasse seus ritmos,
Mundos, paixões, metas;

Não percebiam
O muito que eram
Diante dos símbolos
Criados por alguns
Egoístas, maníacos,
Despreocupados dos outros;

Assim, aquelas vidas,
Eternamente subjugadas,
Instrumentalizadas,
Serviam aos símbolos,
Às instituições, aos poderosos.
Eram vermes, escravos
Numa senzala global.

RELUZIR

Absorto no tempo
Ao sabor do vento
Das ondas macias,
Desenvoltas e livres;
Viajo, amigo,
Além dessa era,
De tudo, decerto,
Que pensamos viver.
Sou néctar insípido
Nesse quadrante fúnebre,
Sem seguir o cortejo
Um dia sonhado.
E o brilho percebo,
Surgirá completo,
Sem que todos entendam
Meu ingênuo fulgor;
Sem entraves reais,
Triunfará a lucidez,
Abominando os funerais.

MARAVILHOSOS VÔOS

Vou sorrindo ao mundo
Derrubando as barreiras
Pois sei bem no fundo
Todas suas maneiras

De dizer as mentiras
Com os sons da verdade
De reter muitas iras
E fingir caridade

Circunstâncias exigem
Sagacidade completa
Ignorar a fuligem
Alcançar minha meta

Maravilhosos vôos deve o homem realizar
Infindáveis, infinitos, contestadores
Sempre, sempre! Tudo almejar
Não ser, nem aceitar senhores.
.
.

CUMPLICIDADE

É uma relação gostosa
Desejada de verdade,
A todo momento ansiosa,
De acontecer novidade.
É bom pensar tua forma,
Sem regra, sem norma,
Permitindo fazer parir,
As idéias coerentes ou não,
Às vezes sombrias, sem emoção,
Ou reluzentes, candentes, explosivas,
Desejosas de verter a criação.
Tão linda, para sempre vivas!
Amo tuas partes, teu bico;
Tungstênio desliza macio!
Torno-me homem rico,
Varão, animal no cio.
É um querer diferente,
Toda hora realizar.
Distribuir a seiva contente
Sobre o papel e me transportar
Ao fundo, às alturas, sonhar!
Contigo eu posso sorrir
E encontro somente magia
Porque não há como substituir
A tua visceral tecnologia.
.

MULHER

Uma sereia dourada
Deusa marinha iluminada
Mergulhada em cristal azul
Entre algas e leões prateados
Adornando grutas, corais.
Mulher-peixe encanta pescadores
E amantes do mar e da lua,
Das noites, das praias desvirginadas.
Misteriosamente linda,
Negra sereia dourada,
Deusa rainha iluminada;
Ilhas, crespo horizonte verde-azul,
Sol cadente vermelho-amarelo,
Pérola sem concha e sem mar,
Viver, é também te sonhar.

OS FILHOS

São lindas tochas de vida
Frutos da agonia de viver
Iluminando mentes genitoras
Sem jamais lhes pertencer
Aquecendo-lhes os espíritos
Renovando-as a cada amanhecer;

Um constante realizar!

Às vezes atrapalham
Outras vezes fazem caducar
Talvez para fugir do mundo cão
Dos murros, dos sufocos, das organizações,
Aos filhos não se pede divórcio;

Criar filhos é sacerdócio!
Amá-los, educa-los, encaminha-los
Sempre dar sem nada exigir
Vê-los vencendo, adultos
Realizando frustradas realizações;

Pais, avós, construções!

SOMBRA

Um prédio tão grande
Um pássaro sem asas
Garras cravadas no solo
Mar de papéis confusos
Poderosos contra os homens
Preocupa-os, adoece-os, envelhece-os,
Em troca um presente:
Expectativa de segurança.
Certamente alguns homens
Não nasceram para sonhar
São antes de tudo estômago,
Querem sombra e conformidade
Um emprego é suficiente
Mesmo atividades sem futuro
Faz um funcionário contente.
Os prédios são sempre grandes
Cabem centenas de funcionários,
Escravos bem arrumados.

VAMOS À LUTA

Corri entre os corpos,
Procurei um entre tantos;
Ao menos um se possível,
Um não tão horrível,
Que entoasse seus cantos
Através das ações, sem paixões;
Sem palavras tão gastas.
Um corpo encimado por cabeça simples,
Sadia, inquieta, alegre solidária.
Vi corpos fortes,
Aerobicamente transados,
Musculosos, bem treinados;
Corpos bonitos, bem divididos;
Cabeças externamente lindas,
Repletas de planos, temores.
Corpos e cabeças quase deuses,
Senhoras, atores, senhores.
Procurei a simplicidade,
A vida de verdade,
No campo e na cidade.
Não queria inocência,
Emoções fabricadas,
Idéias enlatadas.
Acabou-me a paciência,
Razão sem violência.
Eu sou a cabeça,
O corpo, a simplicidade.
Serei o começo,
A vida de verdade,
Sem força bruta,
Cabeça e corpo,
Vamos à luta.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

AS MARIPOSAS NÃO BRILHAM

Os sonhos não têm fim
Quando sonhados livremente
Por aqueles que não desejam
Viver no infinitivo ou no particípio;
Porque a vida é gerúndio,
As dimensões estabelecidas são medos,
Morte na própria origem
Sonhos solenemente desfeitos;
As mariposas não sonham,
Deixe-as abandonarem os túneis
E seguirem rumo às lâmpadas,
Voando e perdendo as asas
Sem compreenderem o brilho da vida
Semperceberem que lâmpada não é luz;
Por favor, deixem-me sonhar!
Ignorar as fronteiras do mundo,
Voar entre meteoritos de matizes diversos
Viver naturalmente a luz
Brilhando em cada pessoa
Amando gestos e vozes;
Tolerem essa minha ingênua ternura,
Esse sorriso bonito e constante
Que acontece naturalmente,
Amando, vivendo em gerúndio.
Ignorem as mariposas-sapiens,
E creia no amor das águias
E tornem-se vidas em gerúndio,
Sonhando, vivendo a vida.

VIDA!

E se todos gritassem
Num só tempo de voz;
Fosse um grito tão forte
Assustando a morte,
Rompendo os tímpanos
Dos opressores potentes;
Fosse um grito de paz
Anulando as fronteiras,
Derrubando as barreiras;
Fosse um silêncio gritante
Incomodando os falantes
Envergonhando os pedantes;
Fosse um grito sem eco,
Um grito de luz,
E se todos passassem
A partir desse grito,
A falar a verdade,
A enxergar-se no outro.
Seria o início, talvez
O ser mais desejado,
O homem realizando,
Acontecendo, gerúndio.

POR FAVOR, ACONTEÇA!

Vale a pena tentar
mesmo quando tudo parecer
perdido no breu, disperso no ar;
Vale a pena sorrir,
embora esteja a vida
em filete a se esvair;
vamos tentando, sorrindo,
querendo acertar de verdade,
mudar para melhor;
Questionar o estabelecido por imposição,
acontecer ilimitadamente,
deixar surgir a criação,
cultivar tão nobre semente;
É necessário acreditar,
nos homens, nas mudanças,
nas discussões, nas intenções coerentes;
É preciso até participar,
contribuir com idéias,
destruir a passividade;
Não existe panacéia,
nem total felicidade.

DESENTENDIMENTO

Não precisa entender
O motivo do sorriso,
O jeito daquele olhar,
Um gesto repentino,
Uma palavra obscena,
Aquela roupa diferente;
Acredite, não é preciso!
O que é preciso entender
É que somos todos amor;
Somos partes de um todo
Único e maravilhoso;
Somos tempestade e calmaria,
E ai de nós se fôssemos
Um equlíbrio constante.
Não precisa entender
Nem mesmo porque lê agora,
Você é amor, deixe acontecer,
Não tente entender.
.

ATRITO

Eu não quis o sorriso,
A ironia dos dementes
Nem a satisfação demasiada
Dos que pensam tudo saber;
.
Eu vivo de modo estranho
Um lunático sem importância
Que pensou viver em paz
Ao descobrir a poesia;
.
Eu preciso crescer muito
sem viver as convenções
Pois essas inexistem em mim
E não são culpas materiais
Daqueles que as obedecem;
.
Sou um verme enquanto matéria
E às vezes muito pior
Se desobedeço a natureza
Criando escuridão ambiental
E desamando as pessoas até
Morrendo a cada segundo
E só percebendo através da visão.
.

COMPREENDO!

Não desvendo teus sonhos
Para mim sempre claros,
Pois não tenho o direito
De anular-te os anseios,
Os desejos sem futuro.
Mas penso que posso
Viajar entre mundos,
Dimensões infinitas;
Penso que posso
Voar sem temores,
Não viver nem querer
Os falsos amores;
Penso que posso
pensar teus pensamentos
Da maneira que penso,
Do jeito que sou!
Sei também dos teus medos,
Tuas carências reais;
Sei das tuas mentiras,
De fingir caridade,
Esconder a verdade
E semear tuas iras;
Insinuando desamor,
Impureza nos atos, nos fatos.
Eu bem te conheço
Semeando discórdia,
Criticando com garra,
Tua vida é uma barra.
Não te culpo por nada,
Compreendo teus sonhos
Para mim sempre claros;
Mesmo assim eu te amo,
Mesmo que penses entender
Tudo o que vês, tudo o que lês.