quinta-feira, 16 de abril de 2009

AS MARIPOSAS NÃO BRILHAM

Os sonhos não têm fim
Quando sonhados livremente
Por aqueles que não desejam
Viver no infinitivo ou no particípio;
Porque a vida é gerúndio,
As dimensões estabelecidas são medos,
Morte na própria origem
Sonhos solenemente desfeitos;
As mariposas não sonham,
Deixe-as abandonarem os túneis
E seguirem rumo às lâmpadas,
Voando e perdendo as asas
Sem compreenderem o brilho da vida
Semperceberem que lâmpada não é luz;
Por favor, deixem-me sonhar!
Ignorar as fronteiras do mundo,
Voar entre meteoritos de matizes diversos
Viver naturalmente a luz
Brilhando em cada pessoa
Amando gestos e vozes;
Tolerem essa minha ingênua ternura,
Esse sorriso bonito e constante
Que acontece naturalmente,
Amando, vivendo em gerúndio.
Ignorem as mariposas-sapiens,
E creia no amor das águias
E tornem-se vidas em gerúndio,
Sonhando, vivendo a vida.

VIDA!

E se todos gritassem
Num só tempo de voz;
Fosse um grito tão forte
Assustando a morte,
Rompendo os tímpanos
Dos opressores potentes;
Fosse um grito de paz
Anulando as fronteiras,
Derrubando as barreiras;
Fosse um silêncio gritante
Incomodando os falantes
Envergonhando os pedantes;
Fosse um grito sem eco,
Um grito de luz,
E se todos passassem
A partir desse grito,
A falar a verdade,
A enxergar-se no outro.
Seria o início, talvez
O ser mais desejado,
O homem realizando,
Acontecendo, gerúndio.

POR FAVOR, ACONTEÇA!

Vale a pena tentar
mesmo quando tudo parecer
perdido no breu, disperso no ar;
Vale a pena sorrir,
embora esteja a vida
em filete a se esvair;
vamos tentando, sorrindo,
querendo acertar de verdade,
mudar para melhor;
Questionar o estabelecido por imposição,
acontecer ilimitadamente,
deixar surgir a criação,
cultivar tão nobre semente;
É necessário acreditar,
nos homens, nas mudanças,
nas discussões, nas intenções coerentes;
É preciso até participar,
contribuir com idéias,
destruir a passividade;
Não existe panacéia,
nem total felicidade.

DESENTENDIMENTO

Não precisa entender
O motivo do sorriso,
O jeito daquele olhar,
Um gesto repentino,
Uma palavra obscena,
Aquela roupa diferente;
Acredite, não é preciso!
O que é preciso entender
É que somos todos amor;
Somos partes de um todo
Único e maravilhoso;
Somos tempestade e calmaria,
E ai de nós se fôssemos
Um equlíbrio constante.
Não precisa entender
Nem mesmo porque lê agora,
Você é amor, deixe acontecer,
Não tente entender.
.

ATRITO

Eu não quis o sorriso,
A ironia dos dementes
Nem a satisfação demasiada
Dos que pensam tudo saber;
.
Eu vivo de modo estranho
Um lunático sem importância
Que pensou viver em paz
Ao descobrir a poesia;
.
Eu preciso crescer muito
sem viver as convenções
Pois essas inexistem em mim
E não são culpas materiais
Daqueles que as obedecem;
.
Sou um verme enquanto matéria
E às vezes muito pior
Se desobedeço a natureza
Criando escuridão ambiental
E desamando as pessoas até
Morrendo a cada segundo
E só percebendo através da visão.
.

COMPREENDO!

Não desvendo teus sonhos
Para mim sempre claros,
Pois não tenho o direito
De anular-te os anseios,
Os desejos sem futuro.
Mas penso que posso
Viajar entre mundos,
Dimensões infinitas;
Penso que posso
Voar sem temores,
Não viver nem querer
Os falsos amores;
Penso que posso
pensar teus pensamentos
Da maneira que penso,
Do jeito que sou!
Sei também dos teus medos,
Tuas carências reais;
Sei das tuas mentiras,
De fingir caridade,
Esconder a verdade
E semear tuas iras;
Insinuando desamor,
Impureza nos atos, nos fatos.
Eu bem te conheço
Semeando discórdia,
Criticando com garra,
Tua vida é uma barra.
Não te culpo por nada,
Compreendo teus sonhos
Para mim sempre claros;
Mesmo assim eu te amo,
Mesmo que penses entender
Tudo o que vês, tudo o que lês.